Notícias e eventos
Enquanto segue a polêmica sobre a origem dos investimentos, os serviços de saneamento básico concentram-se nas áreas ricas e centrais, propiciando a volta das epidemias sanitárias como dengue e zikavirus nas periferias.

As vésperas de 2020, o Brasil ainda carrega uma vergonha em suas costas: um aparteid social na prestação dos serviços de saneamento básico.

Vem ano, vai ano, e os governos não conseguem ampliar os serviços de saneamento básico para além das áreas centrais e ricas de cada município e estados mais industrializados da federação. E assim o país vai sendo sacudido por epidemias de dengue, zikavirus, febre amarela, entre outras, sendo obrigado a correr atrás do prejuízo com ações paliativas.

Para se ter uma idéia, o Brasil possui muito mais telefones celulares do que ligações de água. E o custo das ligações de água são comparativamente pequenos quando confrontado com outros produtos e serviços, como o da telefonia celular citado acima.

Mas quem paga a maior parte dessa conta é a população carente, como as crianças que nasceram com hidrocefalia sobretudo no Nordeste, em virtude do zikavirus, e que dependerão de cuidados médicos para o resto de suas vidas.

No verão, as regiões sem saneamento básico entram novamente em estado de alerta devido a ocorrência de chuvas e ao calor intenso, quando proliferam os mosquitos da dengue.

A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW), através do documento “Desprezadas e desprotegidas, o impacto do surto de zikavirus em mulheres e meninas no Nordeste do Brasil”, tem denunciado a vulnerabilidade do país as novas epidemias. “Os direitos básicos dos brasileiros estão em risco se o governo não reduzir a infestação do mosquito Aedes aegypti no longo prazo, garantindo o acesso aos direitos reprodutivos e apoio às famílias que criam crianças afetadas pelo zika”, disse Amanda Klasing, investigadora do direito das mulheres da HRW.

Desde que a doença foi detectada no Brasil em 2015, mais de 2.600 crianças nasceram, com microcefalia e outros problemas neurológicos. O número caiu em 2016, mas as autoridades brasileiras não conseguiram identificar a causa exata dessa redução.